segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Comprei um burro

Estou farto de aumentos da gasolina. Vendi o carro e deixei de andar de transportes públicos, que também se aproveitam para aumentar os seus preços.
Coloquei uma manjedoura na garagem e comprei um BURRO. Em segunda mão, com a pelagem já um pouco ruça, mas que anda muito bem. Mesmo na sua mais louca velocidade não corro o risco de ficar sem a
carta. Aliás nem é preciso carta de condução, inspeção seguro ou selo das finanças. Arranjo sempre lugar para estacionar e nunca nenhum polícia da EMEL me incomodou por não lhe ter colocado na testa o bilhete do parquímetro. Anda sempre, mesmo quando já não tem fava na barriga. Nunca me deixou parado no meio de uma subida, obrigando-me a andar quilómetros para lhe ir buscar favas. Passei a chegar a horas ao emprego.
Não anda tão depressa como um carro, mas chega mais depressa. Rio-me dos engarrafamentos. O BURRO esgueira-se lindamente por entre os carros parados e por cima dos passeios, até sobe e desce escada, e é completamente ecológico,  não consome gasolina nem óleo, mas produtos inteiramente biológicos e degradáveis, como favas cenouras e cevada.
Quando o estaciono em jardims ou relvados, auto-abastece-se automaticamente, e o que sai pelo seu tubo de escape não polui o ar nem faz buracos no ozono, as suas bostas são do melhor fertilizante que há para a agricultura. O meu quintal tem produzido muito bem com este estrume, até os tomates deixaram de ser empedernidos, e tem outro sabor. Este inverno vou poupar na luz, pois o meu burrico é uma fonte de energia renovável.

Para combater a crise, façam como eu, comprem um burro!