O meu ônibus

enham todos no meu Onibus !

Lá na minha terra nao era feliz
Resolvi vir para a cidade
Increvi-me logo na carris
arrajei emprego com facilidade

Conduzo o eléctrico amarelo da Carris
Vai da Alfama ao Bairro Alto
E eu sem perceber geografia
Chego á graça em sobressalto

Este eléctrico da Carris
Já teve um avô outrora, que era o chora
Teve um pai americano
Foi inglês por muito ano
Só é português agora

Magalas, costureiras e até oficiais
Também senhoras importantes
Gente de todos os extractos sociais
Vai sempre cheiinho como antes

O eléctrico amarelo da Carris
Também tem misérias à socapa,
Tinha estragados bancos de palhinha
Mas no meu, são todos de napa
Podem vir e sentar á vontadinha

O bilhete no meu é mais barato
E dentro há sempre folia
Então venham passear no 24
Onde há musica, comida e alegria !

Em Agosto o meu trajecto
Vai até ao parque das naçoesSó entrar, e vai logo directo
Pago o governo as diversoes
Por ser o Ano das eleiçoes

horta

Tenho orgulho da minha horta
Quando vou á minha horta
Sinto o cheiro à verdura
Basta-me sair á porta
Tenho logo agricultura

Tenho o orgulho de trabalhar
No meu quintal e no meu jardim
Sinto o aroma e tomo ar
Sinto o cheiro a alecrim

Esse cheirinho me excita
Porque também tenho marmelos
Até o meu coração palpita
vê-los duros e amarelos

Ao ver a linda couve-flor
Dá.me vontade de comer
apanho-a com amor
e como-a com prazer

Um rego bem molhado
Faz parte da minha lavoura
Um terreno bem lavrado
Faz engrossar a cenoura

Tenho batatas com fartura
Mas apanho muitos fretes
È assim a agricultura
Reparem nestes curgetes.