sábado, 7 de julho de 2018

O Eletrico da carris

Venham todos no meu Onibus !
Lá na minha terra nao era feliz
Resolvi vir para a cidade
Increvi-me logo na carris
arrajei emprego com facilidade

Conduzo o eléctrico amarelo da Carris
Vai da Alfama ao Bairro Alto
E eu sem perceber geografia
Chego á graça em sobressalto

Este eléctrico da Carris
Já teve um avô outrora
Teve um pai americano
Foi inglês por muito ano
Só é português agora

Magalas, costureiras e até oficiais
Também senhoras importantes
De todos os extractos sociais
Vai sempre cheiinho como antes

O eléctrico amarelo da Carris
Também tem misérias à sucapa,
Tinha estragados bancos de palhinha
Mas no meu, são todos de napa
Podem vir e sentar á vontadinha

O bilhete no meu é mais barato
E dentro há sempre folia
Então venham passear no 24
Onde há musica, comida e alegria !
Em Agosto o meu trajecto
Vai até ao parque das naçoes
Só entrar, e vai logo directo
Pago o governo as diversoes
Por ser o Ano das eleiçoes



1 comentário:

  1. Aqui e além em Lisboa – quando vamos
    Com pressa ou distraídos pelas ruas
    Ao virar da esquina de súbito avistamos
    Irisado o Tejo:
    Então se tornam
    Leve o nosso corpo e a alma alada
    Sophia de Mello Breyner Andresen (1994), in Obra Poética, 20

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