segunda-feira, 20 de maio de 2019

Comprei um burro

COMPREI UM BURRO
Estou farto de aumentos da gasolina. Vendi o carro e deixei de andar de transportes públicos, que também se aproveitam para aumentar os seus preços.
Coloquei uma manjedoura na garagem e comprei um BURRO.
Em segunda mão, com a pelagem já um pouco ruça, mas que anda muito bem.
Mesmo na sua mais louca velocidade não corro o risco de ficar sem a carta .
Aliás nem é preciso carta de condução, inspeção seguro ou selo das finanças .
Arranjo sempre lugar para estacionar e nunca nenhum polícia da EMEL me incomodou por não lhe ter colocado na testa o bilhete do paquímetro .
Anda sempre, mesmo quando já não tem fava na barriga.
Nunca me deixou parado no meio de uma subida, obrigando-me a andar quilómetros para lhe ir buscar favas. Passei a chegar a horas ao emprego .
Não anda tão depressa como um carro, mas chega mais depressa.
Rio-me dos engarrafamentos. O BURRO esgueira-se lindamente por entre os carros parados e por cima dos passeios. Até sobe e desce escada.
E é completamente ecológico. Não consome gasolina nem óleo, mas produtos inteiramente biológicos e degradáveis, como favas cenouras e cevada.
Quando o estaciono em jardins ou relvados, auto-abastece-se automaticamente. E o que sai pelo seu tubo de escape não polui o ar nem faz buracos no ozono.
As suas bostas são do melhor fertilizante que há para a agricultura.
O meu quintal tem produzido muito bem com este estrume, até os tomates deixaram de ser empedernidos, e tem outro sabor.
Este inverno vou poupar na luz, pois o meu burrico é uma fonte de energia renovável.
Para combater a crise, façam como eu, comprem um burro!

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