Logo cedo os baldes de lixo abarrotam. Há papel colorido, restos de pais natais rasgados por mãos apressadas, fitas de mil cores, laços desfeitos. Foi Natal!
Em casa, a mesa ainda tem o prato com as azevias que sobraram, o peru está coberto de papel de estanho e o pirex com o bacalhau ainda não foi lavado. Os brinquedos das crianças desarrumam a sala, o triciclo de cores fortes está estacionado mesmo no meio do corredor, e a vontade de fazer durar o Tempo Bom faz-se sentir. Foi Natal! Foi...Mas, acho eu, deseja-se ainda prolongar estes dias de paz, de família, de ilusão de não crise, de fuga ao real.
Em breve, acabou a festa e aí vem de novo as dificuldades do quotidiano, tentar escapar à crise, enfrentar os injustos e violentos aumentos. Então, as fitas serão outras: - Menos coloridas, sem laços, sem vestígios de festa ou de alegria...
É uma infelicidade viver
Num País que nem vale a pena sonhar
em que o próprio ministro sem escrúpulos
Manda os jovens licenciados emigrar!
É de facto de lamentar
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