Que saudades, daqueles Carnavais do meu tempo de cachopa em que remexia quantas arcas havia em minha casa ,e também na casa da minha avó para me mascarar.
A roupa era toda velha e remendada, mas mesmo assim eu não desistia dos meus intentos, e sempre conseguia com um pouco de criatividade empalhaçar-me e fazer rir os outros, pois era esse o meu objectivo. A máscara era feita duma caixa de papelão colava-lhe uns cornitos e uma barbas de milho
era o que se podia arranjar e assim me divertia.Apesar dos poucos recursos eu sempre me destacava
junto das minha primas, quanto mais não fosse pelo chocalho que sempre me acompanhava... para assinalar a presença.Mais tarde descobri o vestido do casamento da minha mãe, e lá ia eu para o baile vestida de noiva com um ramo de flores de carqueja, o respectivo véu, e uns sapatos todos rotinhos, o noivo era um palhaço feito por mim cheio de palha, na quarta feira de cinzas eu e as minhas primas e amigas queimávamos o boneco, que era levado numa padiola, aquilo é que era rir e cantar, tempos que vão e não voltam mas que nunca me esquecem.O pior foi quando a minha mãe certo dia foi à arca e deu com o fato do casamento todo esfarrapado, escusado será dizer que me deu uma bela sova, ainda me desculpei mas ela não acreditou, pois sabia que a única lá em casa com espírito carnavalesco era eu, as minhas irmãs nunca foram dadas a palhaçadas para infelicidade minha.Nos anos seguintes os bailes de Carnaval já eram no Centro Recreativo lá da Gestosa construído por todos os habitantes, e nós jovens contribuímos também com mão de obra, grandes bailes se lá faziam, então no Entrudo era uma loucura, onde se dançava e cantava até de madrugada
com as respectivas mães a guardarem é óbvio, não fossem as filhas fugirem. O salão ficava lindíssimo todo enfeitado com flores de papel colorido, quero também sublinhar que não se podiam dar “cabaços”tinhamos que nos sujeitar a dançar com os rapazes que nos chamavam, essa era a parte mais negativa da festa, caso contrário não se podia dançar com outro que se desencadeava logo uma zaragata, era assim que funcionava.
Mas o espírito carnavalesco continua a dominar-me a alma, a criatividade e diversão sempre foi uma constante na minha vida, quantas vezes me fantasio mesmo sem ser Carnaval, dá-me ânimo e gosto de animar os outros, e agora digo eu é caso para dizer, tristezas não pagam dívidas..
Todos sabemos que hoje o Carnaval apesar de haver muita oferta de máscaras e disfarces não tem o entusiasmo e o empenho de outrora, tudo se vai apagando, tudo se vai extinguindo, é pena..Saudades desse tempo? Sem dúvida que sim!..
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