sábado, 12 de fevereiro de 2011

Carnaval

Que saudades, daqueles Carnavais do meu tempo de cachopa em que remexia quantas arcas havia em minha casa ,e também na casa da minha avó para me mascarar.
A roupa era toda velha e remendada, mas mesmo assim eu não desistia dos meus intentos, e sempre conseguia com um pouco de criatividade empalhaçar-me e fazer rir os outros, pois era esse o meu objectivo. A máscara era feita duma caixa de papelão colava-lhe uns cornitos e uma barbas de milho
era o que se podia arranjar e assim me divertia.Apesar dos poucos recursos eu sempre me destacava
junto das minha primas, quanto mais não fosse pelo chocalho que sempre me acompanhava... para assinalar a presença.Mais tarde descobri o vestido do casamento da minha mãe, e lá ia eu para o baile vestida de noiva com um ramo de flores de carqueja, o respectivo véu, e uns sapatos todos rotinhos, o noivo era um palhaço feito por mim cheio de palha, na quarta feira de cinzas eu e as minhas primas e amigas queimávamos o boneco, que era levado numa padiola, aquilo é que era rir e cantar, tempos que vão e não voltam mas que nunca me esquecem.O pior foi quando a minha mãe certo dia foi à arca e deu com o fato do casamento todo esfarrapado, escusado será dizer que me deu uma bela sova, ainda me desculpei mas ela não acreditou, pois sabia que a única lá em casa com espírito carnavalesco era eu, as minhas irmãs nunca foram dadas a palhaçadas para infelicidade minha.Nos anos seguintes os bailes de Carnaval já eram no Centro Recreativo lá da Gestosa construído por todos os habitantes, e nós jovens contribuímos também com mão de obra, grandes bailes se lá faziam, então no Entrudo era uma loucura, onde se dançava e cantava até de madrugada
com as respectivas mães a guardarem é óbvio, não fossem as filhas fugirem. O salão ficava lindíssimo todo enfeitado com flores de papel colorido, quero também sublinhar que não se podiam dar “cabaços”tinhamos que nos sujeitar a dançar com os rapazes que nos chamavam, essa era a parte mais negativa da festa, caso contrário não se podia dançar com outro que se desencadeava logo uma zaragata, era assim que funcionava.
Mas o espírito carnavalesco continua a dominar-me a alma, a criatividade e diversão sempre foi uma constante na minha vida, quantas vezes me fantasio mesmo sem ser Carnaval, dá-me ânimo e gosto de animar os outros, e agora digo eu é caso para dizer, tristezas não pagam dívidas..
Todos sabemos que hoje o Carnaval apesar de haver muita oferta de máscaras e disfarces não tem o entusiasmo e o empenho de outrora, tudo se vai apagando, tudo se vai extinguindo, é pena..Saudades desse tempo? Sem dúvida que sim!..


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