quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Como OS TEMPOS MUDARAM

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
A minha barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com muita manteiga
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
por causa da obesidade
Não se pode comer massa
Mas eu comi sempre á vontade
comi ovo frito e ovo mol
Eu comi ovo à vontade
Hoje só falam em colesterol
ma que grande barbaridade
Vi o meu tio conduzir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Fazia a maior festança
E
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia e hiperactividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com um chapadão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca esteve á nossa beira
Para a gente era brincadeira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Meu Pai guardava o veneno
Sem chave e sem cadeado
Em um armário pequeno
sem ter qualquer cuidado
E nunca fui envenenado
Eu aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito uma atleta,
Capacete ou joelheiras
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando o Tio Algerino nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeada
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha videocassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Minha mae nao se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Começava-se a trabalhar muito cedo
para os irmãos ajudar a criar
Tudo trabalhava sem medo
Agora é crime jovem a laborar
Porque hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje até sinto vontade
De ser criança outra vez...

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