domingo, 20 de fevereiro de 2011

Primeira comunhão

Quando estava preparada para fazer a primeira comunhão, a situação financeira da minha família estava em crise, visto que o meu pai tinha tido um grave acidente de mota e encontrava-se internado em Coimbra. Mas a minha vida religiosa tinha que percorrer o seu percurso, por esta razão tudo se realizou com a maior simplicidade, a cerimónia realizou-se na igreja paroquial de Castanheira de Pera. Vesti para a ocasião um lindo vestido que me foi emprestado por uma prima que vivia em Lisboa, coisa de luxo para aqueles tempos, sentia-me feliz com todo aquele encanto e magia, os cânticos na igreja, e o clima como tudo decorreu deu-me uma sensação de paz e amor que não se esfumou pelo facto de em casa não ter havido iguarias ou prendas. Agradeço à Maria da luz neta do "Senhor Cepas" ter esta foto, pois deu-ma com muito carinho, a qual guardo no meu álbum com muito amor.

E foi com o Padre Aurélio
Que fiz a primeira comunhão
Foi um dia inesquecível
Com uma linda procissão!

Para recordar com alegria
40 anos já lá vão
Estou aqui na fotografia
Com a bolsinha na mão


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quem nasceu para a poesia

Este foi o meu primeiro texto publicado num jornal.


Desde criança senti,
em tudo que escrevi,
e no que também aprendi,
que o mundo me
chamava para poesia,

mas nenhuma porta para mim se abria,
para que eu realizasse a minha fantasia,
o que muito me entristecia
e ao mesmo tempo me deprimia.

Naquela altura a vida era tão dura
víviamos em plena ditadura
a poesia era a minha maior felicidade
isto não é mentira, mas a pura realidade

fui arrancada da escola, que crueldade
logo eu que tanto gostava de estudar
Sonhava em puder as pessoas ajudar
e quem sabe numa “deusa” me tornar
visto que na barriga da minha mae andei a chorar
mas o destino me veio atraiçoar,
e para uma fábrica fui trabalhar!

E lá vou eu com o meu ar angélico de uma criança de 11 anos,
tantos dissabores, tantos desenganos,
jamais me esquecerei daqueles tiranos,
que me exloravam sem dó nem piedade,
infelizmente assim passei a minha mocidade.

Mas na hora de almoço mesmo assim,
conseguia divertir as colegas que estavam há minha beira,
fazia versos e cantigas à tecedeira,
tudo isto se passava na dita fábrica da “Abelheira”

Passados 2 anos mudei-me para a “fiandeira”,
e até começei a gostar do que fazia,
embora meu pensamento estivesse sempre na poesia,
pensava nela de noite e de dia, como por magia.

Quando o salário recebia
era para mim uma alegria,
a minha mãe dizia,
"ó filha já dá para a mercearia",
era eu na casa uma mais valia,
que se lixasse a poesia.

E eu resignada lá trabalhava o dia inteiro,
isto já era na fábrica do Sr Engenheiro,
que ficava no vale Salgueiro,
mesmo na curva do gaiteiro.

Com 20 anos me casei
e lá continuei,
não me podia queixar
pois o patrão era fixe a pagar.

Algum tempo se passou,
mas veio um dia e fechou,
e o trabalho acabou,
fecharam-se os portões...

finalmente vieram outros patrões,
empresários em Lisboa vieram para cá de vez,
e a nossa querida fiandeira
passou a ser a “Barros três”

Assim que começou a laborar
lá fui eu para trabalhar,
assim foi a minha vida,
30 e tal anos numa fábrica metida.

Mas voltando à poesia
posso dizer sem tremer
e a minha voz erguer
afirmar com alegria

A poesia é uma luz
que a memória me conduz
E me dá insiração
não se ensina nem se aprende
é uma luz que se acende
Dentro do meu coração

E com esta foto dos meus 13 anos
Daquele tempo como recordação
Despeço-me de todos os amigos
Com estima e dedicação



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Dia dos namorados

Outrora os apaixonados portugueses tinham como padroeiro o mais casamenteiro dos santos, ou seja o nosso amigo St António, por sinal muito milagroso! Hoje em dia, o S. Valentim é dono e senhor dos assuntos que ao coração dizem respeito.
Contudo os nossos comerciantes, espertos, não resistiram à "mina de ouro" que este dia 14 de Fevereiro representa, já que a troca de cartões, flores, e presentes entre apaixonados é quase obrigatória. Longe vão os tempos em que era costume os enamorados escreverem poemas, versos, cartas bem cheirosas e decoradas, que eram depois entregues pelo carteiro, era simplesmente lindo, que saudade...
Entretanto entrámos na era dos postais virtuais e das SMS muito mais impessoal, a tecnologia acabou com a poesia da vida. De qualquer forma poderemos dizer que actualmente o dia dos namorados mesmo com estas sofisticações todas continua a ser mágico, visto que se comemora a mais bela emoção do mundo, o Amor!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Carnaval

Que saudades, daqueles Carnavais do meu tempo de cachopa em que remexia quantas arcas havia em minha casa ,e também na casa da minha avó para me mascarar.
A roupa era toda velha e remendada, mas mesmo assim eu não desistia dos meus intentos, e sempre conseguia com um pouco de criatividade empalhaçar-me e fazer rir os outros, pois era esse o meu objectivo. A máscara era feita duma caixa de papelão colava-lhe uns cornitos e uma barbas de milho
era o que se podia arranjar e assim me divertia.Apesar dos poucos recursos eu sempre me destacava
junto das minha primas, quanto mais não fosse pelo chocalho que sempre me acompanhava... para assinalar a presença.Mais tarde descobri o vestido do casamento da minha mãe, e lá ia eu para o baile vestida de noiva com um ramo de flores de carqueja, o respectivo véu, e uns sapatos todos rotinhos, o noivo era um palhaço feito por mim cheio de palha, na quarta feira de cinzas eu e as minhas primas e amigas queimávamos o boneco, que era levado numa padiola, aquilo é que era rir e cantar, tempos que vão e não voltam mas que nunca me esquecem.O pior foi quando a minha mãe certo dia foi à arca e deu com o fato do casamento todo esfarrapado, escusado será dizer que me deu uma bela sova, ainda me desculpei mas ela não acreditou, pois sabia que a única lá em casa com espírito carnavalesco era eu, as minhas irmãs nunca foram dadas a palhaçadas para infelicidade minha.Nos anos seguintes os bailes de Carnaval já eram no Centro Recreativo lá da Gestosa construído por todos os habitantes, e nós jovens contribuímos também com mão de obra, grandes bailes se lá faziam, então no Entrudo era uma loucura, onde se dançava e cantava até de madrugada
com as respectivas mães a guardarem é óbvio, não fossem as filhas fugirem. O salão ficava lindíssimo todo enfeitado com flores de papel colorido, quero também sublinhar que não se podiam dar “cabaços”tinhamos que nos sujeitar a dançar com os rapazes que nos chamavam, essa era a parte mais negativa da festa, caso contrário não se podia dançar com outro que se desencadeava logo uma zaragata, era assim que funcionava.
Mas o espírito carnavalesco continua a dominar-me a alma, a criatividade e diversão sempre foi uma constante na minha vida, quantas vezes me fantasio mesmo sem ser Carnaval, dá-me ânimo e gosto de animar os outros, e agora digo eu é caso para dizer, tristezas não pagam dívidas..
Todos sabemos que hoje o Carnaval apesar de haver muita oferta de máscaras e disfarces não tem o entusiasmo e o empenho de outrora, tudo se vai apagando, tudo se vai extinguindo, é pena..Saudades desse tempo? Sem dúvida que sim!..


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Curso de costura

Frequentei um curso de costura
Onde alguma coisa vim aprender
A ter alguma postura
E os meus conhecimentos enriquecer!

Aprendi entre outras coisas
Com empenho e algum rigor
As novas tecnologias
Em frente ao computador

E durante este curso...
A minha vida mudou.
Às vezes fiz figura de urso
Mas a auto-estima aumentou!

Apesar de ainda ser
Muito fraca a costurar!
Aquilo que aprendi
Já dá para desenrascar!

A costura foi muito complicada

Com formadoras exigentes
Mas sinto-me preparada
Venham lá os clientes!

Eu sou diferente das outras
Aprendi outras saídas
Primeiro faço a roupa
Só depois tiro as medidas!

Mas sinto-me realizada
Bem-haja quem me ensinou
Não sou mestra nem Doutora
Mas gosto de ser quem sou

Quando acabar o estágio
Por conta própria vou trabalhar
Na lojinha ”Carmicita”
É assim que se vai chamar

No poupar é que está o ganho
E não pense 2 vezes
Se for cliente assíduo
Tem um brinde todos os meses

Fica mesmo junto à praia
Depois da ponte passar
Umas calças ou uma saia
Basta só encomendar

Costura e decoração
É aquilo que vou fazer
Aposto na perfeição
para a crise combater


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dia do carteiro

Estava a ver o telejornal quando de repente uma notícia me despertou mais atenção, o dia mundial do carteiro, confesso que fiquei emocionada, eu que sempre adorei escrever, postais, cartas, fosse aquilo que fosse, mas cartas principalmente, enviei tantas... e a corneta do carteiro trazia um toque de alegria às pessoas da aldeia, e principalmente a mim, quando o via direccionar-se à minha rua sabia que era certo, lá vinha mais uma cartinha daquelas que tinham flores, e cheiro a rosmaninho, que saudade.... Ainda ontem andei a rebuscar nos baús no sótão da minha mae e encontrei lá cartas que me fizeram recuar 40 anos no tempo, que bonito. Adorei relembrar que numa só noite de São João, três rapazes queriam ir pedir a minha mão ao meu pai. Bons tempos, tempos de ingenuidade, que saíamos só pela diversão, e não pela relação com os rapazes!

Será que hoje em dia ainda alguém recebe cartas? Uma carta de um familiar? Uma carta de um amigo? Um cartão de aniversário ou até de boas festas? Na correspondência deixada na caixa do correio encontramos-publicidade, extractos, facturas, documentação fiscal e empresarial.

Agora as cartas que eram escritas com caneta, há muito que desapareceram e deixaram de ser um momento de magia, ou de fazer o coração disparar em sobressalto. Hoje o carteiro perdeu o brilho de outrora e passou a ser mais um prestador de serviços. Se um dia aparece um de bigode, no seguinte é um careca e no dia seguinte pode até ser uma mulher.

O tempo do nosso carteiro foi quase esquecido, a função de mensageiro e amigo foi-lhe substituída pela de comercial de resmas de papel que muito pouco é lido, ou mesmo aberto por e com prazer. Culpa de quem? Das novas tecnologias! Marcas da evolução do tempo! Os telemóveis. As máquinas digitais,os leitores mp3, as radios online, os jornais online, o email fazem parte do nosso dia a dia, mas será que esta abundância de recursos contribui para aumentar a nossa qualidade de vida?

Só o futuro o dirá.




Acabaram-se as cartas de amor
outrora entregues pelo carteiro
Foram trocadas pelo computador
Que domina o mundo inteiro!